Conversa rápida que tive ontem
com uma das minhas estudantes antes da aula:
Ela: Esse lugar está horrível.
Violento demais. Lá em frente ao prédio onde eu moro, junta um monte de gente
para usar e vender drogas todo dia a partir das 10 da noite. Por conta disso,
tenho de ficar sempre atenta para não deixar os meus filhos na rua até tarde. Sei
lá, pode acontecer alguma briga ou tiroteio e eles serem feridos com isso.
Eu: É verdade. Você tem de tomar
muito cuidado.
Ela: É por isso que eu
dificilmente assisto à sua aula. Tenho de voltar pra casa cedo.
Eu: Tranquilidade. É por uma boa
causa.
Ela: E o que mais me revolta é
que ninguém faz nada. Aquele pessoal faz uma zoada desgraçada todo dia, vende e
consome drogas abertamente e ninguém toma uma atitude; ninguém chama a polícia.
Eu: E por que VOCÊ não chama a polícia?
Ela: Eu, não!! Tá louco?! Eu
tenho três filhos pra criar. E se esses caras descobrirem que fui eu a autora
da denúncia e vierem atrás de mim para se vingar?
Eu: E você já pensou na
possibilidade de os seus vizinhos não terem chamado a polícia por essas mesmas
razões? Você já imaginou que os seus vizinhos podem sentir o mesmo medo que
você sente de denunciar o caso e sofrer retaliações por causa disso? Você já pensou
que as outras pessoas que moram no mesmo prédio onde você mora também têm
filhos e, consequentemente, também têm medo de morrer e deixar as suas crianças
desamparadas?
Ela: (olhou para mim, virou-se e
foi embora sem dizer nada).
Impressionante como as pessoas ficam
indignadas com uma determinada situação, mas sempre esperam que alguém resolva
a parada por elas. É provável que ela pense que é a única pessoa do mundo que
tem filhos para criar, e, portanto, não pode se expor e correr riscos
desnecessários - mas os outros podem, é claro.
É o que eu sempre digo: pimenta
no rabo dos outros é refresco.
Rogério,
ResponderExcluirPq nunca mais escreveu???
Faz falta!!!
Ela esqueceu que tem um serviço de informação chamado denúncia anônima. Não precisava ela ligar do telefone fixo, celular; bastava ir num orelhão. Caso ela comente novamente sobre o mesmo assunto, Rogério, passa essa informação pra ela. Acredito que ela não saiba.
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