Todo ano é a mesma xurumela. Quando chegamos aos meses de agosto e setembro, é de praxe ver nos jornais baianos os clamores dos defensores da reinclusão da Bahia ao horário de verão. As justificativas são várias, assim como os seus autores.
De um lado, estão os empresários baianos que dizem que a permanência da Bahia fora do horário de verão traduz-se em “sérios prejuízos à economia da Bahia” (leia-se: redução dos seus lucros). Isso porque há uma hora a menos para realizar operações de câmbio; muita gente perde os voos devido à diferença de horário em relação ao horário de Brasília; as pessoas têm sempre uma hora a menos de expediente bancário, dentre outras coisas. O empresariado esperneou, gritou, deu chilique, mas felizmente não conseguiu sensibilizar o governador Jaques Wagner. Resultado: a Bahia continuará fora do horário de verão “em solidariedade aos outros estados do Nordeste”, nas palavras do governador.
Do outro, está a população (e é justamente isso que me deixa mais puto da vida). Sempre nos final de agosto e começo de setembro, as emissoras de TV baianas saem às ruas para saber a opinião do público sobre o assunto. As respostas são sempre as mesmas: “ah, eu acho que o horário de verão deveria voltar porque assim a gente não perde a novela”; “o horário de verão é bom porque a gente fica com uma hora a mais para aproveitar o sol”; “com o horário de verão é possível ficar uma hora a mais na praia tomando cerveja com os amigos”. Citarei somente esses exemplos para não ficar chato.
Eu fico mais puto ainda porque ninguém me entrevista. Sei muito bem que as emissoras de TV cortariam a minha resposta na hora de editar a fita, mas seria um grande orgasmo mental dizer o que eu penso a esses repórteres idiotas.
Ver os empresários reivindicando o retorno do horário de verão é compreensível, pois eles só estão preocupados com os seus interesses capitalistas, ou seja, eles só querem encher os seus bolsos de dinheiro e o resto que se foda. Entretanto, ver e ouvir o povão, a população, a “plebe rude” defendendo isso é de matar! Custa-me a acreditar que alguma pessoa seja capaz de dizer tamanha sandice.
O horário de verão só é bom para quem pode dar-se ao luxo de acordar às 10h e possui carro. Pois para quem mora na periferia, acorda às 5h, anda 700m até o ponto mais próximo e tem de esperar o ônibus sozinho num ponto escuro, sem segurança, rezando para que o buzu chegue antes do ladrão, adiantar o relógio em uma hora é uma desgraça. Sem contar os transtornos físicos causados: comer fora do horário que já estamos acostumados, dores de cabeça (quando a Bahia ainda estava inclusa, eu sentia fortes dores durante os três primeiros dias), distúrbios do sono... A lista de problemas é interminável.
Em suma, não vale a pena passar por tanto tormento em prol de uma economia de energia irrisória. Num país como o Brasil, existem formas muito mais inteligentes de poupar eletricidade do que adiantar o relógio em uma hora. Conter o desperdício e utilizar fontes alternativas e limpas já ajudam bastante.
Rogério nunca mais postou nada... tomara que volte logo a escrever. Suas idéias são bem bacanas.
ResponderExcluirBárbara.