Sou negro, alto, corto os meus cabelos muito esporadicamente e gosto bastante da minha barba. Odeio ter de passar barbeador na cara toda semana; acho isso um saco. Por conta disso, sempre aparece um (ou uma) mala para encher a minha paciência dizendo que eu deveria tirar a barba (como se eu tivesse pedido a opinião delas acerca do meu visual), que a barba envelhece a aparência da pessoa (como se eu me preocupasse em ser jovem a vida toda), que a barba dá uma aparência de falta de higiene (apesar de eu lavar a minha barba todo dia com shampoo anticaspa e penteá-la cuidadosamente), que o homem sem barba fica mais apresentável (como se eu fizesse questão alguma de ser simpático), dentre outras coisas.
Por conta da minha barba grande, várias pessoas, conhecidas ou não, ao me verem na rua, têm reações diversas: umas pensam que eu sou mendigo, outras pensam que eu estou de mal com a vida (como se não ter barba fosse indicador de que eu estivesse radiante de felicidade), outras pensam que eu sou usuário de drogas ilícitas (claro, né, Rogério?! Quem vai imaginar que uma pessoa branquinha, loirinha e de olhos azuis, de cabelos bem tratados e barba bem aparada, bem vestida, arrumada e perfumada fuma maconha, cheira cocaína ou cachimba crack? Você também, viu?!). E, para terminar, sou constantemente associado por essas pessoas aos membros do Taliban. Frequentemente surge no meu caminho um imbecil para gritar “bin Laden”, “ô Osama!”, “terrorista!!!”. Como se os terroristas fossem só muçulmanos com longas barbas e turbantes.
Semana passada, ao chegar a um dos locais onde trabalho, uma estudante olhou para mim e disse que eu estava igual a um terrorista. Eu, ao ouvir isso, parei, respirei, contive os meus impulsos, medi bem as minhas palavras, olhei de volta para a cara dela e sentenciei:
-É verdade. Você está certa. Aquele sujeito que matou 76 pessoas lá na Noruega é parecidíssimo comigo. Quase meu irmão gêmeo, de tão semelhante a mim. Se estivéssemos um ao lado do outro, ficaria difícil distinguir quem é quem.
Quem pensaria que um homem loiro, alto, de olhos azuis, cabelos bem tratados e muitíssimo bem vestido seria um assaltante, por exemplo? NINGUÉM!!! Ladrão é só aquele sujeitinho vestido com uma camisa da Billabong, bermuda da Cyclone, sandália Kenner, boné da Adidas, batidão feito com abridor de latinha de cerveja, com um anel em cada dedo e óculos escuros da armação rosa ou verde-cana. Aí, sim, né? Tá na cara!!
Muito bom professor. Sempre assim, se você faz alguma coisa que sai do "padrão social" você é vítima de um pré-julgamento, que não condiz em hipótese alguma com a sua personalidade e/ou características.
ResponderExcluirAs vezes largo meu cabelo grande e só corto ao meu bel-prazer, mas o que ouço durante o período que não o corto, escuto de tudo. Desde mendigo e habitante das cavernas a membro de grupo terrorista.
Certa vez da qual meu cabelo se encontrava a um nível relativamente alto, começei a usar um boné. Então disseram que eu estava parecendo um pagodeiro.
Conclusão:
Seria muito melhor que todas as maravilhosas pessoas, cuidassem das suas maravilhosas vidas, e deixassem as não tão maravilhosas vidas, das demais não tão maravilhosas pessoas, em paz.
"Cada um no seu quadrado..."
Neemias(estudante do Coe Quilombo)
Nossa, isso tudo dá um cansaço, só muito auto controle pra não explodir!!!
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