domingo, 8 de setembro de 2013

Vai dar merda. E não deu outra

(Esse texto foi escrito na madrugada de sexta para sábado. Só não o publiquei antes porque não havia conexão á internet no local em que eu estava na hora. Por isso, publico-o agora.)

Eu acho que há dias em que o mundo, a natureza ou sei lá o que mais, de vez em quando, se programa especificamente para fazer com que tudo dê errado na vida de uma pessoa em um determinado dia. Parece que algum ser supremo, dotado de poderes ilimitados e de um caráter muito questionável, escolhe aleatoriamente alguém e diz: “o otário do dia será esse sujeito aqui”. Acho que a vítima de hoje fui eu. Querem saber por quê? Vamos aos fatos.

Saí de casa hoje às 15h debaixo de uma chuva desgraçada. Um aguaceiro louco, parecia que não pararia mais de chover. Estava chovendo já desde cedo, quando eu ainda estava em casa preparando a minha aula e, posteriormente, arrumando as minhas coisas para sair. Deu vontade de não colocar o pé na rua, mas eu resolvi encarar o dilúvio que estava caindo lá fora e sair. Afinal, o dever me chamava. Eu já sabia o que teria de enfrentar lá fora, mas eu não sou tão cara de pau a ponto de inventar uma desculpa esfarrapada qualquer para não trabalhar e deixar as minhas turmas lá esperando por mim. Ser um profissional responsável também tem as suas desvantagens, mas enfim. Saí.

Não quis esperar o ônibus perto de casa, pois demora muito – porque nem sempre os motoristas entram no bairro em que eu moro. Quando eles acham que não devem entrar aqui, eles não entram e ponto final. Já liguei várias vezes para a Transalvador a fim de denunciar motoristas que não cumprem o roteiro da linha, mas não deu em nada. Eles continuam fazendo o que querem, e fica por isso mesmo.

Certa vez, ouvi uma pessoa dizer que, em bairros de periferia, motoristas de ônibus e policiais militares fazem o que querem. E essa pessoa está corretíssima. São os motoristas que decidem se devem cumprir ou descumprir o itinerário das linhas de ônibus; se devem ou não devem parar para pessoas idosas, mulheres grávidas e cadeirantes. A população fica na mão deles. Dia desses, minha esposa chegou em casa estarrecida com um comentário que ouviu dentro de um ônibus. Contou ela que pegou um ônibus da empresa Praia Grande, que operava a linha Paripe-Aeroporto (código 1653-1), quando um rodoviário da mesma empresa estava conversando com o motorista do ônibus. O rodoviário disse: “É, fulano, você gostou dessa linha mesmo, né? Já faz um bom tempo que você está aqui, e, pelo visto, não quer mais sair”. Ao que o motorista disse: “Pra que eu vou sair, rapaz? Essa linha é boa demais. Eu fazia a linha Paripe-Barra (código 1607). Era um saco, pois havia um fiscal em cada ponto e eu era obrigado a parar e pegar ‘tudo quanto é passageiro’. Aqui em Cajazeiras, não tem fiscal nenhum e por isso eu dirijo do meu jeito”.

Outra vez, minha mãe disse que pegou um ônibus no Aquidabã depois das 22h. Fazenda Grande 4/3/2 – Comércio, da empresa São Cristóvão (código 1439). Ao chegar a Águas Claras, o motorista, ao invés de seguir em direção ao fim de linha de Águas Claras, virou no sentido da Estrada do Matadouro. Quando algumas pessoas protestaram e exigiram que ele retornasse e respeitasse o itinerário da linha, ele, com a cara mais cínica do mundo, olhou para as pessoas e disse que “depois das dez da noite, quem faz o roteiro da linha sou eu”. Foi preciso que o povo fizesse muito mais escândalo para o sacripanta retornar e passar pelo fim de linha de Águas Claras.

Mas voltando. Resolvi ir andando até a saída do conjunto onde moro e tentar pegar um ônibus mais lá na frente. Estava usando uma camisa branca. No meio do caminho, cerca de cinco minutos depois de sair de casa, um ônibus passou em cima de um buraco e, em consequência disso, a lama respingou e sujou a lateral direita da minha camisa. A camisa que eu havia acabado de tirar de dentro do guarda-roupa, cheirosinha, branquinha. Não fiquei mais puto de raiva porque estava carregando duas sobressalentes na mochila, e por isso tive a certeza de que não teria de usar aquela camisa suja por muito tempo (ledo engano). Até pensei em parar em algum lugar e trocar a camisa no meio da rua mesmo, mas achei melhor não fazer isso. O ônibus poderia passar e eu fatalmente o perderia. Segui meu caminho.

Procurei manter a cabeça fria – e consegui. Calculei as possibilidades, e concluí que seria melhor não passar por Águas Claras, pois se o trânsito por lá já é uma bosta em dias ensolarados, a coisa piora vertiginosamente em dias de chuva. Alaga tudo, e ninguém passa – e eu não podia correr o risco de pegar nenhum congestionamento. Afinal, a BR-324 fica sempre congestionada por conta daquela cratera enorme aberta no Porto Seco Pirajá, que deixou o trânsito muito pior do que já era por aquelas bandas. Se uma cratera daquele tamanho surgisse na frente da Arena Fonte Nova, estaria fechada no dia seguinte. Mas como é no Porto Seco Pirajá...

Achei mais prudente sair por Mussurunga. Fui andando em direção ao ponto, com uma mochila nas costas, carregando meu marmitex com a mão esquerda e segurando o guarda-chuva com a mão direta. Um cenário desesperador. Mais alguns metros adiante, um sujeito passou pertíssimo de mim montado num cavalo. E eu passei bem no instante em que a pata direita frontal do cavalo pisou um buraco, e a água podre voou e bateu no meio da minha cara. Quando isso aconteceu, pensei “hoje é meu dia”. E foi mesmo. Um dia de horror. Naquela hora, eu intuí que tudo daria errado para mim hoje. E deu.

Continuei andando em direção ao ponto. Ao chegar lá, vi o Estação Mussurunga da Central vindo lá embaixo. Ótimo, pois eu não teria de andar mais. Bastava esperar o ônibus fazer o retorno que eu o pegaria na volta. Mas alimentei a esperança de vir um Estação Mussurunga da Barramar, que é a melhor linha de ônibus em direção a Mussurunga, pois não entra em Vila Verde. E foi isso que aconteceu. O ônibus veio, mas o escroto do motorista não teve a decência de parar o ônibus no ponto. O canalhocrata parou um pouco atrás e abriu a porta de entrada, só para eu e uma outra passageira termos de correr debaixo de chuva para entrar na marinete. Que féla!

A viagem até Mussurunga transcorreu muito bem. Mas foi só isso. Quando eu cheguei, vi o ponto do Barra 1 totalmente vazio. Não havia um pé de pessoa na fila. Bufei. Era cerca de 15:30h quando eu desembarquei, e, ao ver a fila vazia, constatei que teria de esperar até as 16h por outra marinete. Como um homem prevenido vale por dois, parei na fila, coloquei a mochila na frente, peguei uma revista que estava dentro da mochila e comecei a lê-la. Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, pois foi isso que conseguiu me acalmar. Estou chegando à conclusão de que os meus livros, as minhas revistas, uma Skol litrão e a companhia da minha esposa são as únicas coisas que conseguem me manter relaxado nessa vida.

Depois de ler algumas páginas, finalmente apareceu o Barra 1. Às 16h, como eu havia previsto. Eu era o segundo da fila, mas, mais uma vez, o sacripanta do motorista não parou no lugar certo. Parou um pouco atrás e abriu a porta. Com isso, quem estava atrás entrou antes de mim por causa da sacanagem que o féla fez. Só não foi pior porque a fila não estava muito longa, pois, se estivesse, as pessoas poderiam invadir e eu correria um grande risco de ir em pé. Mas, para minha felicidade, eu achei um lugar no fundo do ônibus. Me sentei, fechei as janelas por conta da forte chuva e continuei a ler a revista.

Um ponto depois, um sujeito entrou no ônibus. Como não havia mais assentos vagos, ele parou em pé bem do meu lado. Ele estava quieto, mas bastou o cara me ver concentrado na minha leitura para ligar o som do celular dele no último volume. Por pura e simples sacanagem, nada mais do que isso. Precavido, tirei o abafador de som da mochila e coloquei nos meus ouvidos. Só que na hora em que eu abri os abafadores para posicioná-los acima da minha cabeça, o abafador direito escapoliu da minha mão e bateu na minha testa. A porrada foi tão forte que se formou um pequeno hematoma no lugar da pancada. Como dizem os mais experientes, “além da queda, o coice”. Mas eu cobri os meus ouvidos com os abafadores, olhei sarcasticamente para a cara do safardana e voltei a ler. Só não foi melhor porque o abafador não me deixa totalmente surdo, como era a minha vontade, mas a redução do impacto do som foi significativa para eu conseguir me concentrar novamente.

O sujeito estava tão com vontade de me sacanear que, assim que me viu com os abafadores de som nos ouvidos, saiu e foi fazer a zoada dele lá na frente. Diga se uma pessoa dessa estava ou não estava a fim de tirar sarro da minha cara!

Apesar da chuva, a Paralela estava livre – o que é quase um milagre! O trânsito estava bom, apesar dos pesares, e eu estava pensando que não enfrentaria mais problemas no meu caminho. Ledo engano. Assim que o ônibus saiu da via exclusiva do Iguatemi, parou. A Rótula do Abacaxi estava toda travada. Não passava nada por aquela bosta! O motorista até tentou encontrar uma maneira de driblar o congestionamento: ao invés de fazer o retorno na entrada da Ladeira do Cabula para entrar na Av. Heitor Dias, ele subiu o viaduto que liga a Av. ACM à Av. Barros Reis e fez o retorno na frente da Bremen. Mas não houve jeito. O trânsito também estava parado no outro sentido, e foram necessários cerca de quinze longos minutos para o ônibus percorrer o trecho que vai da Bremen até a entrada da Av. Heitor Dias. E já passava das 17h.

Enfim, o ônibus conseguiu sair daquele gargalo. Pensei eu que não enfrentaria mais problemas, mas me enganei de novo. A Av. Heitor Dias, os Dois Leões e as Sete Portas estavam totalmente congestionadas. Trânsito lentíssimo. Só não pirei porque estava lendo, e uma boa leitura me deixa de fato mais calmo e com a frieza necessária para pensar nas possibilidades e fazer os devidos cálculos. Tinha esperança de pegar a lancha das 17:30h, mas não foi possível. Deu 17:20h, e eu ainda estava na entrada da rua Djalma Dutra. Deu 17:24h, e eu ainda estava no Aquidabã! Ao constatar que não seria possível chegar a tempo, liguei para o coordenador e pedi para ele colocar outra pessoa para dar aula no primeiro horário, visto que eu não chegaria a tempo. Eu odeio quando isso acontece, pois eu saí de casa cedo justamente para não passar por isso. Mas, como disse Ermínia Maricato, as cidades estão cada vez mais insuportáveis[1]. E estão mesmo. Não há mais hora para pegar congestionamento em Salvador.

Quando a marinete saiu do Túnel Américo Simas, vi que a Av. Jequitaia estava toda parada. Pensei eu que enfrentaria mais um engarrafamento entre os Fuzileiros Navais e o Moinho Salvador, mas não enfrentei. O ônibus seguiu viagem.

Desci no ponto do Terminal da Lancha. Como já tinha perdido a primeira aula, resolvi relaxar. A fila do guichê de passagem do Terminal estava um pouco grande, começou a chover, e havia gente furando a fila. Um passageiro que estava atrás de mim começou a gritar e xingar os espertinhos que estavam furando a fila. Como o cara se voluntariou a fazer o serviço sujo, eu fiquei calado. Comprei a minha passagem e entrei na lancha das 18h.

Infelizmente, eu tive de viajar numa lancha que possui aparelho televisor. Digo isso porque eu não gosto mais de televisor. Não tenho mais paciência para ver nada do que é exibido na telinha. Nem futebol, que eu gostava tanto, eu suporto mais ver. A melhor coisa que eu aprendi a fazer nos últimos três anos foi deixar o aparelho televisor da casa em que moro desligado durante a maior quantidade de tempo possível, e eu garanto a vocês que eu não estou perdendo nada.  

É irritante viajar em lancha com aparelho televisor também porque os tripulantes invariavelmente colocam o aparelho no último volume. Um saco! Eu costumo aproveitar o tempo de travessia para adiantar umas leituras e distrair a minha mente (leitura também é diversão). Entretanto, o que essa sociedade escrota menos quer é que nós tenhamos tempo para pensar. Tudo é feito para nós não termos um minutinho sequer de tranquilidade e silêncio. Temos de estar a todo tempo com alguma coisa para fazer, sendo monitorados e ordenados por alguém, e, no nosso tempo de descanso, alguma coisa – ou alguém – tem de nos atormentar[2] e nos perturbar para que nós não tenhamos a menor chance de ler, de conversar, de assistir a um filme ou a um documentário e consequentemente refletir sobre as nossas condições de existência.

Uma coisa que eu aprendi depois que comecei a me envolver nesse negócio de movimento negro é que uma folha não cai de uma árvore sem um motivo. As coisas não são do jeito que são porque sim, porque deus quis assim, porque é da vontade do senhor, nada dessas babaquices que o cristianismo enfia nas nossas cabeças. Há uma razão muito bem definida para as coisas serem do jeito que são. E essa barulheira desgraçada que enfrentamos cotidianamente (roncos de motor de ônibus; o vizinho babaca que tira o silenciador da descarga da moto para mostrar ao bairro inteiro que tem uma moto e, com isso, tentar comer alguém; outro vizinho igualmente babaca que coloca no carro um jogo de som mais caro do que o próprio carro com vistas a transformá-lo num mini trio-elétrico; o dono do boteco da esquina que coloca o som nas alturas para atrair a clientela; a vizinha que passa o dia inteiro gritando e “cantando”; outra vizinha que chega tarde e fica do lado de fora gritando para a filha dela abrir a porta) não foge a essa regra. Isso faz parte de uma estratégia de dominação. De segunda a sexta, nós não temos tempo de ler e de refletir porque precisamos acordar cedo para trabalhar e voltar para casa lá pelas tantas da noite, cansado, com fome, com sono, com vontade de tomar um banho e cair na cama. Sábado e domingo, quando não trabalhamos (isso não é uma regra, pelo contrário), não conseguimos ler nada em casa porque a vizinhança não deixa. O crime perfeito!

Voltemos à minha epopeia. Estava eu dentro da lancha das 18h. Como tinha terminado de ler a revista, coloquei de novo o abafador de som e comecei a ler um livro. Minutos depois, um colega de trabalho sentou do meu lado. Conversei com ele rapidamente, e disse que não estava a fim de papear muito porque precisava ler um texto para a minha aula de hoje. Ele compreendeu, até porque ele também estava cansado e também não estava a fim de papo. Ligou o som do celular, colocou o fone nos ouvidos e ficou lá na dele. Só que, alguns minutos depois, ele pegou no sono e começou a dar “quedas de asa” perto de mim. A cabeça dele caía toda hora e batia no meu ombro. Aquilo estava me irritando tanto que eu tive de acordá-lo a cotoveladas. Ele acordou assustado, perguntando se já tínhamos chegado ao destino final. Eu disse que não, e que só o acordei porque a cabeça dele estava batendo a toda hora no meu ombro esquerdo e estava dificultando a minha leitura. Ele entendeu. Cruzou os braços no encosto da cadeira da frente e baixou a cabeça. Dormiu até a hora de chegar ao ancoradouro de Mar Grande.

Cheguei. Deixei as minhas coisas lá no meu local de trabalho e fui à padaria em busca de um lanchinho. Perguntei ao funcionário da padaria se havia bolo de aipim. Ele disse que não. Eu agradeci e fui embora. Pensei que daria aula com fome, mas felizmente alguém (não sei quem) deixou um pratinho com canjica lá na secretaria do cursinho. Eu comemorei. Comi um pedaço e tomei um gole de café. Como daria aula no segundo horário, resolvi pegar meu livro e ler mais um pouco. Mas não consegui. Um menino parou na porta e gritou alguma coisa sem sentido para mim. Não dei importância. Logo depois, um homem chegou lá à procura de uma estudante. Fui à sala de aula chamá-la, mas ela não estava lá. Ele disse que esperaria um pouco, e sentou do meu lado “para me fazer companhia”. Ele até tentou puxar conversa, mas eu enfiei a minha cara no livro e nem olhei para os lados para ver se ele entendia que eu não estava nem um pouco interessado em conversar com ele. Ele entendeu o recado, e ficou calado lá à espera da pessoa que ele estava procurando. Como a mulher não apareceu, ele desistiu de esperar e foi embora. Que bom! Suspirei de felicidade!!

Eis que chegou a hora da minha aula. Liguei o projetor e o computador para exibir os meus slides, mas havia um problema na tela do computador que eu não consegui resolver. Uma mensagem chata que insistia em não sair, por mais que eu clicasse no X vermelho. Tive de trocar de computador. Perdi dez minutos nessa brincadeira.

Arranjei outro computador. Exibi os slides e iniciei a aula. Estava eu lá fazendo o meu trabalho, no meio das minhas reflexões, articulando altas ideias e respondendo as perguntas feitas pela turma. Eis que chega uma das coordenadoras na porta da sala, me chama e pede para eu falar mais um pouco porque o professor que daria aula no último horário não chegaria a tempo. Comemorei. Teria mais uma hora para apresentar os slides que eu preparei. Mas como diz o ditado popular, “alegria de pobre dura pouco”. Cerca de cinco minutos depois, a secretária apareceu para dizer que eu teria de suspender a aula porque o motorista do ônibus escolar disse que iria embora e não voltaria às 22h para levar os e as estudantes para casa. Isso posto, eu fui obrigado a encerrar mais cedo. Afinal, eu não podia exigir que as pessoas voltassem para casa andando e debaixo de chuva.

Era 21h. Pedi a um estudante para esquentar o meu marmitex no micro-ondas. Jantei. Aproveitei para trocar umas ideias com ele e tentar esfriar a minha cabeça depois de tanta miséria que aconteceu comigo. Eis que às 21:54h, um colega meu ligou para perguntar onde eu estava porque ele queria entrar no apartamento, chamou, chamou e eu não respondi. Eu disse que não respondi porque eu não estava lá. E ele disse que estava na pizzaria tomando uma cerveja, e me chamou para ir lá também. Fui. Me sentei, pedi um copo e comecei a conversar enquanto bebia uma cerveja preta. Alguns minutos depois, e para coroar o dia de merda que tive, recebi uma bela cagada de pombo vinda do alto de uma árvore. A bosta só não caiu na minha cabeça porque eu inclinei um pouco o corpo para frente, e por isso o cocô bateu no encosto da cadeira e sujou as costas da minha camisa.

Pronto. Foi esse o meu dia hoje. Vou tomar um banho e dormir, para ver se a água leva essa energia ruim pelo ralo. Espero que o dia de amanhã seja totalmente diferente do que foi hoje.

Desgraça pouca é bobagem.



[1] “Era óbvio. As cidades estão insuportáveis”. Entrevista dada por Ermínia Maricato a Adriana Delorenzo. Fórum: outro mundo em debate. Ano 12, n. 124, julho 2013, pp. 18-19.
[2] BIKO, Steve. Escrevo o que eu quero. São Paulo: Editora Ática, 1990, p. 96.